Porto, Portugal

By Isabel Pinto - novembro 21, 2018

Quem vem e atravessa o rio, junto á Serra do Pilar,
Vê um velho casario, que se estende até ao mar...
É assim que Rui Veloso se refere aquela cidade que eu tanto amo, que tanta saudade me traz, que tantas recordações me fazem encher o coração, e que tanto me faz querer voltar...
Porto sentido, Porto magnífico, Porto único e deslumbrante,
Porto antigo, Porto abandonado, Porto jamais esquecido,

Porto de todos e apenas de alguns, Porto sereno, Porto sofrido...

Portugal é lindo, cheio de encanto e no entanto, o meu Porto, o meu lindo Porto, ai o meu Porto, esse merece um lugar de destaque no meu blogue, essa cidade tão antiga e tão cheia de histórias, tão pequena, e tão fascinante, tão colorida e tão especial.

Neste artigo vou convidá-los a caminharem pelas calçadas do porto, vou convidá-los a conhecer uma cidade inesquecível e completamente diferente.
Seriam precisos três ou quatro dias para descobrir alguns dos recantos mais escondidos do Porto, no entanto, um dia bem aproveitado será suficiente para se perderem de amores por estes lados do Norte.
O nosso ponto de partida será na Serra do Pilar, e, apesar deste magnífico miradouro pertencer ao lado de Gaia, este é sem dúvida o meu lugar preferido para apreciar os encantos da Ribeira, do outro lado do rio Douro.

Depois cruzamos a ponte D. Luís, aquela ponte tão glamorosa, com um timbre pardacento, construída no ano de 1886 esta é um dos símbolos principais do Porto. A belíssima estrutura foi finalizada por um estudante de Gustav Eiffel, o mesmo desenhador da Torre Eiffel de Paris e liga a cidade do porto com a cidade de Vila Nova de Gaia, o município vizinho, onde se encontram as famosas caves do vinho do Porto.
Enquanto que o tabuleiro de cima é utilizado pelos pedestres e como ferrovias para passar o metro, na parte de baixo passam os carros e os muitos turístas que cada ano visitam a cidade.

Ao cruzarem a ponte, do lado esquerdo encontrarão a Sé do Porto, um edifício de estrutura romano-gótica que data do século XII e XIII, tendo sofrido remodelações no período barroco. O seu interior conserva ainda o aspecto de uma igreja-fortaleza e é de destacar a bela rosácea e o Galilé lateral, obra de Nicolau Nasoni.
No coro foi instalado o grande órgão de tubos em 1985 e o altar foi decorado em prata e retábulo-mor talhado em ouro.

Continuando com a nossa rota, se caminharem estrada a baixo, irão deparar-se com a estação de São bento do lado direito, este edifício é célebre pelos seus painéis de azulejos da autoria de Jorge Colaço que representam uma cronologia dos meios de transporte, quadros da história de Portugal, o trabalho campestre e ainda os costumes etnográficos.
Esta estação é ainda o ponto de chegada e de partida de milhões de passageiros todos os meses, seja em lazer, em trabalho ou por mera curiosidade.
Foi inaugurada e, 1896 por José Marques da Silva, o seu arquiteto e veio substituir o barracão de madeira que ali se encontrava, devido ao descontentamento da população do Porto que diziam que a cidade exigia uma estação central à altura.

Saindo da estação, devemos seguir agora à direita e no final da rua, virar à esquerda onde encontrarão a rua de Santa Catarina, uma rua peatonal cheia de pequenas lojas comerciais, pouco mais à frente esta mesma rua irá conduzi-los ao café Magestic, o café mais antigo da cidade invicta.
O seu interior faz lembrar o interior de um navio e a sua elegância faz-nos querer sentar ali e disfrutar de um belo café.

A nossa próxima paragem será o mercado do Bolhão, e não fiquem chocados ao ouvir os pregões e palavrões que estas senhoras portistas vão dizendo um atrás de outro.
Se são portugueses sabem bem do que eu estou a falar, pois as pessoas do norte, em geral são desbocadas e por isso mesmo dizem o que pensam, mas sem a intenção de magoar ninguém, talvez no norte nós sejamos um pouco mais da aldeia, ou talvez não tenhamos tanto glamour e elegância como os alfacinhas, mas somos com muito orgulho portistas de coração, temos garra, força, somos lutadores, honestos, humildes e orgulhamo-nos de dizer "CARAGO" por tudo e por nada, faz parte da nossa cultura, e a pronuncia do norte, essa que o meu marido tanto gosta em mim, sendo ele de Coimbra, é a nossa marca, o que nos distingue.
O mercado do Bolhão é o mais típico mercado da cidade, onde se vende peixe, carne e legumes bem frescos, não podem perder este recanto de cultura nortenha.

Se seguirem caminho pela rua Fernando de Tomás irão dar de frente com a igreja da Santíssima Trindade e um pouco mais abaixo a Câmara Municipal do Porto, e vamos descendo essa grande avenida. Quando chegarmos ao fundo, viramos à mão direita, e nesta rua vão puder provar os mais diversos pasteis da confeitaria Portuguesa.

De frente vão ver uma enorme torre, é a torre dos Clérigos, esta torre foi considerada o monumento religioso mais alto de Portugal, e não deixa de ter o seu mérito, levantar uma construção de quase 80 metros de altura em meados do século XVIII. O seu arquiteto foi o mesmo da Sé, Nicolau Nasoni, de origem italiano, decidiu que a sua construção seria em mármore e granito e erguida num dos pontos mais altos do Porto, conhecido antigamente como O cerro dos Enforcados, pois neste lugar era onde levavam a cabo as execuções dos condenados á morte.
Para disfrutar das vistas que se pode obter desde o último patamar terão de subir mais de duzentos degraus, através de uma passagem estreita em forma de caracol, a sua entrada tem um custo de 5,00 com o museu incluído e está aberta quase todos os dias do ano das 9h até ás 19 horas...

Do outro lado da rua temos a famosa Livraria Lelo, que teve origem na Livraria de Ernesto Chardon, fundada em 1869 na rua dos Clérigos, chegando mais tarde ás mãos dos irmãos Lelo, a 13 de janeiro de 1906, dando-lhe assim um novo aspecto, aquele que hoje conhecemos, na rua das Carmelitas.
A abertura desta livraria teve um grande impacto Portuense, não só a nível litúrgico como também no estilo absolutamente inovador do edifício, bem como o facto de ter sido o primeiro edifício em betão da cidade.

Subindo a rua encontraremos a famosa praça dos leões e à esquerda o restaurante do piolho, um dos melhores restaurantes onde poderão degustar a famosa Francesinha, uma verdadeira bomba de calorias, muito típica da cidade invicta.
As francesinhas nasceram no Porto, na década dos anos 60 por um emigrante que regressava da França.
Este senhor decidiu dar um toque português à sanduiche francesa, o Croque-Monsieur, adicionando ao molho a nossa cultura, o nosso paladar e a magia de Portugal.
Ele queria que este prato o fizesse lembrar-se das mulheres que conhecera na França, únicas e picantes e assim nasceu este prato tão Portuense, um prato criado para o povo, mas atualmente servido em quase todos os restaurantes desta cidade.
Aconselho-vos a que a provem, é deliciosa.

E depois de um bom prato de comida tradicional de Portugal, nada melhor do que caminhar um pouco mais para fazer a digestão.
A nossa próxima paragem será o miradouro da Vitória, desde este ponto conseguem ter outra prespetiva da cidade.
Vamos descendo tranquilamente cada degrau da calçada que nos é apresentada pelos típicos paralelos portugueses até chegarmos ao palácio da Bolsa.
Para vos ser sincera, eu nunca lá entrei, no entanto, aconselho-vos a que não percam o interior da igreja de São Francisco que se encontra ligeiramente mais abaixo do lado direito.

Com vontade de ver o rio?
Ou até quem sabe dar uma volta num dos barcos rebelos?
Aqueles barcos que durante muitos anos transportaram as uvas até ás famosas caves do vinho do porto, caves essas que se encontram do outro lado do rio, e são muitas as marcas, desde o Offley, até ao Ramos Pinto, passando pelo Taylor, Calem, Barros, ou pelo Graham´s.
A lenda conta que os monges da cidade que produziam os vinhos, adicionavam aguardente, interrompendo desta forma a fermentação para que eles se conservassem por mais tempo, e fazendo com que o seu sabor fosse mais doce. Dizem ainda que o vinho do Porto fez tanto sucesso na Inglaterra que era um dos preferidos da realeza.
Este vinho é produzido na região do Douro, nas encostas junto ao rio com o mesmo nome, o rio Douro, esta região situa-se a leste da cidade do Porto e é considerada uma das mais importantes regiões vinícolas em todo o mundo.

Um bom apreciador de vinho deve saber que existem vinhos que se distinguem por vários fatores e sabores, o vinho do Porto Branco é um vinho jovem, frutado e classificado de acordo com a sua doçura.
Já o Porto Ruby é feito a partir de uvas tintas de distintas safras, o que lhe confere aquela cor de vermelho rubí intenso, e o seu perfume faz lembrar o aroma de ameixas, e frutos silvestres.
No entanto o Porto Vintage é um vinho de altíssima qualidade, e é fabricado somente nos anos em que a safra é particularmente favorável.
Envelhecido em pipas de madeira durante dois anos e transferido depois para garrafas de 10 a 50 anos. Alguns podem até chegar aos 70 anos e este é o melhor vinho do Porto.
Portanto, na Ribeira podem fazer uma pequena excursão de barco, que vos levará a percorrer as 6 pontes mais famosas desta cidade, num roteiro que terá a duração de 50 minutos mais ou menos, e com o mesmo bilhete podem fazer uma degustação dos vinhos anteriores numa das caves situadas em Gaia.
Cruzamos, portanto, a ponte D. Luís agora pelo tabuleiro de baixo e desde este ponto da nossa rota podem apreciar a beleza da Ribeira, as estreitas casinhas que podem ver dão um brilho à cidade, fazendo-a parecer mais mágica do que na realidade é.
E todas aquelas cores, azulejos e roupas estendidas nos beirais das janelas vos farão com certeza querer voltar lá um dia.
Do lado de Gaia podem entrar numa das caves do vinho do porto e ver um pouco da nossa cultura, como são elaborados e o que os torna tão especiais.

Para voltar ao nosso ponto de partida, podem fazê-lo no teleférico que se encontra deste lado do rio e que vos deixa nos Jardim do Morro, onde podem descansar um pouco.

Se ainda tiverem pedalada, aconselho-vos a que apanhem o metro neste mesmo sitio e saiam na casa da música, para o fazer só terão que trocar de linha na paragem da trindade.

A casa da música é um importante ícone da nossa arte e cultura e nesta rotunda tão grande, a rotunda da Boavista podem aproveitar para jantar no mercado do Bom Sucesso.
Se fizerem este percurso durante o fim de semana, podem comer aqui ao som de um bom fadista que se disponibilizam para vos alegrar a noite e dar a conhecer o som do nosso património cultural.

E é assim que eu termino este artigo sobre a minha cidade preferida.
Por ruelas e calçadas, da Ribeira até à Foz, por pedras sujas e gastas e lampiões tristes e sós...
O Porto alberga no pequeno coração do Norte, gente humilde e trabalhadora, gente com sentimento, gente acolhedora, gente divertida, pura e lutadora.
Com orgulho e com emoção, com alegria e de lágrimas nos olhos, digo que o meu Porto terá sempre um lugar no meu coração...

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