Caminhava eu tranquilamente pelas ruas da cidade, quando de repente me
senti inebriada pelo som das tão tradicionais gaitas de foles, porque Edimburgo
é mesmo assim, Edimburgo é uma pequena cidade que nos faz envolver nas suas
histórias misteriosas!
Foi construída sobre as formações rochosas de um vulcão extinto à muitos
anos e os seus habitantes souberam tirar partido deste lugar encantador.
Neste artigo vou descrever-vos um pouco a rota que fiz, caminhando
durante a minha estadia de dois dias pela cidade!
Eu fiquei alojada na parte da cidade nova, que é um dos melhores
sítios, onde os hotéis são relativamente acessíveis e tem uma boa localização
se chegarem à cidade desde o aeroporto.
O meu ponto de partida foi a North Bridge, mais conhecida por ser a ponte dos suicídios durante muitos anos, hoje
em dia, é apenas a ponte que faz a ligação entre a cidade nova e a cidade
velha. Por debaixo desta ponte não existe um rio, mas sim a estação principal
de comboios da cidade, e desta mesma estação saem os comboios para Londres e
para o resto da Escócia.
No lado direito da estação podemos encontrar o Hotel
Balmoral onde Joane Rowling terminou a saga dos
livros do Harry Potter. No entanto, essa não é a razão pela qual conhecemos
este magnifico edifício, mas sim pela sua torre do relógio.
Se repararem com atenção, irão ver que ele está adiantado 5 minutos.
👉 Sabem porquê? Porque antigamente o dinheiro gasto num bilhete de
comboio era devolvido se a pessoa se atrasasse e não conseguisse apanhar o
comboio a tempo.
Ora, esses passageiros eram principalmente os hóspedes deste hotel, e
então, a empresa dos transportes precisava de uma solução, uma vez que estavam
a passar por um mau momento económico e esta situação ia de mal a pior.
Como tal, o proprietário do hotel decidiu adiantar o relógio da torre 5
minutos e posso dizer-vos que no primeiro mês conseguiram recuperar um 70% do
dinheiro que tinham perdido até então.
Depois de cruzarem a ponte vão encontrar uma rua principal que tem nada
mais nada menos que 1 milha real, daí o seu nome – Royal
Mile.
Esta é a rua principal e se caminharem sobre ela vão encontrar lojas de
artigos tradicionais da Escócia, como a cachemira, o whisky, os biscoitos de
manteiga e os alguns souvenirs. Se virarmos à esquerda, vamos de encontro à
parte baixa da cidade, onde encontrarão bares e restaurantes e quando chegarem
ao final podem visitar o admirável Palácio de Holyrood.
No entanto, se virarmos à direita vamos em direção à parte alta, onde se
encontra o castelo de Edimburgo. E é nessa direção que vamos.
O nosso próximo ponto de paragem é Mary
King Close, um beco que nos conta a história do
terror desta cidade. Este é o beco mais conhecido da cidade, de entre outros
59, que encontraremos ao longo da Royal Mile, mas nem todos são um beco sem
saída. Se em alguns podemos encontrar praças, jardins, entradas principais de
casas, bares e até lojas, noutros encontramos um beco aberto que dá para outras
partes da cidade, facilitando-nos assim a passagem e formando um atalho
perfeito para economizarmos tempo quando passeamos pela cidade.
Do outro lado da rua vão encontrar a Catedral
de São Egídio, uma igreja protestante que diferencia de
outras igrejas católicas por duas coisas: uma é que os seus protestantes se
reuniam de forma circular no centro da igreja onde se encontra o altar e a
outra é que eles ajudavam a comunidade, recebendo em troca, os estudos grátis,
como em todo o país.
No cimo da igreja vão encontrar um galo dourado. Significa que esta é
uma das muitas igrejas protestantes que existem espalhadas por Edimburgo.
São Egídio era o padroeiro dos leprosos e venerado por estas pessoas que
não acreditavam em Deus.
Á saída da igreja encontramos o Coração
de Midlothian, considerado o único sitio de todo o país
onde está permitido cuspir!
Nhacccc que nojo não é verdade? Segundo a história, este lugar era a
entrada da casa do cobrador das finanças, e sempre que o povo Escocês lá
entrava, saiam e cuspiam fora, como uma forma de protesto ao rei Inglês. Nos
dias de hoje e, devido a esta rivalidade que ainda existe entre Escócia e
Inglaterra, eles dizem que quem cuspir dentro do coração está a manifestar o
seu desagrado pelos ingleses.
👉 Mas atenção que se a brincadeira correr mal e cuspirem fora,
estão sujeitos a uma multa de 90£.
Continuamos com a nossa rota e passamos por uma
estátua de um senhor vestido de grego e cujo pé esquerdo se encontra
completamente dourado e desgastado.
Este senhor é David
Hume, um filósofo que se opôs
particularmente a Descartes e à filosofia que consideravam o espirito humano
desde um ponto de vista completamente diferente. Deste modo, Humes abriu
caminho à aplicação do método experimental dos fenômenos mentais.
👉 A sua vestimenta de grego é porque
antigamente a Escócia era considerada a Grécia do Norte da Europa e o desgaste
do seu pezinho deve-se a uma lenda que diz dar sorte aos estudantes que o
esfregarem.
Dito isto, cruzamos a rua e damos de caras com o
bar de Deacons Brodie’s.
Deacons Brodie's era o chaveiro da
cidade e tinha as chaves de todos os habitantes, infelizmente, este senhor
tinha um péssimo hábito – bebia demasiado, e como não tinha dinheiro, mas tinha
a chave de todos os habitantes da cidade entrava nas suas casas e roubava
deliberadamente.
Quando se descobriu foi condenado à forca e
nasceu este bar em sua homenagem.
👉 Se repararem com atenção, podem ver
uma placa na entrada com duas caras, de um lado tem a imagem de um homem com um
molho de chaves na mão, e do outro encontramos a imagem de um ladrão com um
capuz na cabeça e uma bolsa de moedas na mesma mão.
Saímos do bar e entramos em Wardrop’s Court, um
beco com a imagem de dois dragões na entrada.
Este beco é o acesso a uma das praças mais
famosas de Edimburgo, a Praça dos Escritores que se encontra ao lado do museu com o mesmo
nome, onde podem ver manuscritos de três dos mais famosos escritores da
história Escocesa: Robert Burns, Robert Louis Stevenson e Walter Scott.
Esta praça é como uma espécie de museu vivo,
onde encontramos algumas frases de famosos escritas no chão e dedicadas a estes
“três mosqueteiros”.
O museu é de entrada gratuita, como quase todos os
museus da cidade de Edimburgo.
Se continuarmos a nossa visita pelo lado de dentro deste beco, vamos
encontrar uma outra praça e uns edifícios, que hoje em dia são considerados
normais, mas que, quando foram construídos eram os mais altos da Europa, dando
assim início aos primeiros “arranha-céus”.
Isto deve-se ao facto da cidade ter estado
amuralhada durante muitos e a única solução era construir para cima, uma vez
que não o podiam fazer para os lados.
Saímos deste beco e voltamos à Royal Mile. Vão
com certeza ver que existe uma igreja onde esta estrada se divide em duas, se
continuarmos em frente (lado direito da igreja) vamos ter ao castelo, mas se
virarem ao lado esquerdo, vão encontrar outra rua, mais à esquerda com uma
inclinação acentuada que nos conduz a uma varanda. É nessa mesma direção que
vamos!
(A visita ao castelo ficou programada para o dia
2 da nossa rota) ...
Esta igreja, The
Hub, foi construída com pedra
vulcânica, por isso é que tem uma cor tão negra e atualmente não é utilizada
como uma igreja, mas sim como um simples edifício, arrendado por algumas
instituições ou empresas. Neste momento, pertence à Vodafone, a empresa de
telecomunicações.
(Este é o momento em que vocês olham para os
telemóveis para conferir se a rede está realmente ao máximo – E eu comprovo,
esta teoria é verdadeira! Kkkkkk)
Vamos então de encontro à tal varanda que eu
comentei anteriormente e descemos as escadas! Sabem onde estamos?
(Eu estou em Barcelona a escrever este artigo,
no conforto da minha casa, e vocês não faço a mínima ideia, mas espero que
estejam espalhados pelos quatro cantos do mundo a ler o meu blogue... kkkkkk
nahhhh, estou só a brincar!)
Estamos na Victoria
Street, uma rua mundialmente conhecida
por ser um dos cenários principais dos filmes de Harry Potter.
Aqui podem encontrar vários restaurantes e
aproveito para mencionar um deles, onde servem um menu por apenas 12£ onde inclui uma
entrada, e um prato principal – Howies
Restaurant.
Se não acharem
muito apelativo deixo-vos aqui algumas sugestões de outros restaurantes nesta
zona:
Agora, já com a
barriguinha cheia, vamos descendo esta rua até encontrarmos uma praça, a
chamada Grassmarket.
Esta praça tinha
duas utilidades para os moradores de Edimburgo, uma delas era para o comércio,
onde se vendiam as ervas que os campesinos cultivavam e secavam que mais tarde
eram utilizadas para os animais e para fazerem whisky.
Tal e como
referi, esta praça servia para algo mais que comércio. Era aqui onde se
julgavam e condenavam publicamente os crimes cometidos por todo aquele que
infringisse a lei.
👉 Se olharem
para o chão com atenção, vão poder ver uma forca desenhada no chão de paralelos
com uma cor distinta.
Do lado direito
podemos encontrar um bar/restaurante chamado The Last Drop, onde se servia
a última gota antes do enfrentamento com a morte.
Hoje em dia, este
local serve os melhores Haggis de toda a cidade
e no seu interior podemos ver um quadro emoldurado com a forca utilizada pelos
antepassados deste local.
Continuamos a
nossa visita guiada pela Cowgatehead,
uma estrada que encontramos entre os restaurantes Mussel and Steak e Castle
Rock, que por certo tem as suas especialidades e merecem uma visita
especial.
A meio desta
estrada, ela divide e portanto, viramos à direita onde podemos encontrar a
entrada do Cemitério de Greyfriars à mão direita.
Força, vamos
entrar.... Sem medos!
Este cemitério
que data do século XVIII está cheio de fantasmas do passado que ainda hoje
assombram as ruas da cidade e segundo os estudantes de parapsicologia este
cemitério é de nível 3, o que quer dizer que algumas pessoas com “poderes
especiais” já experimentaram as três fases das atividades paranormais: ver,
escutar e sentir.
👉 Na
Escócia, este cemitério é conhecido como a
Lasanha de Edimburgo, porque tem camadas que são alternadas entre terra e
corpos, terra e corpos, terra e corpos! No total estão aqui enterrados cerca de
250 mil corpos.
Por outro lado, é
considerado um parque normal, onde as pessoas vão passear os cães, fazer
pic-nics e acampar durante os meses de verão!
E vocês
atreviam-se a dormir neste local? Hum... A mim ninguém me apanhava ali de noite
de certeza...
Este cemitério é
conhecido também por outros motivos, um deles é que os túmulos de alguns mortos
foram uma fonte de inspiração para Joane Rowling quando teve que escolher
alguns dos nomes das personagens da saga, como o de Tom Ridle, o tio de Harry
Potter.
O
outro motivo é que aqui encontra-se o Túmulo de John Gray, um polícia que
faleceu no ano de 1858 e do seu fiel companheiro Bobby.
Bobby foi um pequeno
cachorro que, mesmo após a morte do seu dono permaneceu fiel ao seu lado
durante 14 anos, até, também este morrer e ser enterrado.
A princípio, os moradores queriam que Bobby
fosse enterrado ao lado do dono, no entanto, a lei não permitia que os animais
fossem enterrados no mesmo local que os humanos e este foi enterrado num lote
de terreno fora do cemitério.
Mais tarde fizeram-lhe uma tumba que hoje em dia
se encontra na entrada do cemitério que mais tarde foi alargado!
👉 Bobby faz parte da história da
cidade e as pessoas deixam paus aos pés do seu túmulo como homenagem ao pequeno
cachorro.
Á saída do cemitério vão encontrar uma estátua
dele, e se repararem no nariz deste, vão ver que está desgastado, pois as
pessoas passam a mão como se fossem fazer-lhe umas festinhas.
Do outro lado da estrada temos o Museu Nacional
da Escócia, onde podem ver algumas exposições sobre os quatro cantos do mundo,
a ovelha Dolly, uma exposição de animais recriados à escala real, alguns
objetos trazidos do Egito e uma cópia da Pedra Roseta (a original encontra-se
em Londres).
👉 É de frisar que este museu conta com
exposições espalhadas por 5 andares e que a sua entrada é gratuita.
E terminamos por aqui a nossa rota de hoje.
Ou seja, se tiverem apenas 24 horas para visitar
a cidade, acho que estes são os pontos mais importantes.
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