Edimburgo, dia 1

By Isabel Pinto - fevereiro 12, 2020


Caminhava eu tranquilamente pelas ruas da cidade, quando de repente me senti inebriada pelo som das tão tradicionais gaitas de foles, porque Edimburgo é mesmo assim, Edimburgo é uma pequena cidade que nos faz envolver nas suas histórias misteriosas!
Foi construída sobre as formações rochosas de um vulcão extinto à muitos anos e os seus habitantes souberam tirar partido deste lugar encantador.

Neste artigo vou descrever-vos um pouco a rota que fiz, caminhando durante a minha estadia de dois dias pela cidade!

Eu fiquei alojada na parte da cidade nova, que é um dos melhores sítios, onde os hotéis são relativamente acessíveis e tem uma boa localização se chegarem à cidade desde o aeroporto.

O meu ponto de partida foi a North Bridge, mais conhecida por ser a ponte dos suicídios durante muitos anos, hoje em dia, é apenas a ponte que faz a ligação entre a cidade nova e a cidade velha. Por debaixo desta ponte não existe um rio, mas sim a estação principal de comboios da cidade, e desta mesma estação saem os comboios para Londres e para o resto da Escócia.

No lado direito da estação podemos encontrar o Hotel Balmoral onde Joane Rowling terminou a saga dos livros do Harry Potter. No entanto, essa não é a razão pela qual conhecemos este magnifico edifício, mas sim pela sua torre do relógio.
Se repararem com atenção, irão ver que ele está adiantado 5 minutos.

👉 Sabem porquê? Porque antigamente o dinheiro gasto num bilhete de comboio era devolvido se a pessoa se atrasasse e não conseguisse apanhar o comboio a tempo.
Ora, esses passageiros eram principalmente os hóspedes deste hotel, e então, a empresa dos transportes precisava de uma solução, uma vez que estavam a passar por um mau momento económico e esta situação ia de mal a pior.
Como tal, o proprietário do hotel decidiu adiantar o relógio da torre 5 minutos e posso dizer-vos que no primeiro mês conseguiram recuperar um 70% do dinheiro que tinham perdido até então.

Depois de cruzarem a ponte vão encontrar uma rua principal que tem nada mais nada menos que 1 milha real, daí o seu nome – Royal Mile.
Esta é a rua principal e se caminharem sobre ela vão encontrar lojas de artigos tradicionais da Escócia, como a cachemira, o whisky, os biscoitos de manteiga e os alguns souvenirs. Se virarmos à esquerda, vamos de encontro à parte baixa da cidade, onde encontrarão bares e restaurantes e quando chegarem ao final podem visitar o admirável Palácio de Holyrood.

No entanto, se virarmos à direita vamos em direção à parte alta, onde se encontra o castelo de Edimburgo. E é nessa direção que vamos.

O nosso próximo ponto de paragem é Mary King Close, um beco que nos conta a história do terror desta cidade. Este é o beco mais conhecido da cidade, de entre outros 59, que encontraremos ao longo da Royal Mile, mas nem todos são um beco sem saída. Se em alguns podemos encontrar praças, jardins, entradas principais de casas, bares e até lojas, noutros encontramos um beco aberto que dá para outras partes da cidade, facilitando-nos assim a passagem e formando um atalho perfeito para economizarmos tempo quando passeamos pela cidade.

Do outro lado da rua vão encontrar a Catedral de São Egídio, uma igreja protestante que diferencia de outras igrejas católicas por duas coisas: uma é que os seus protestantes se reuniam de forma circular no centro da igreja onde se encontra o altar e a outra é que eles ajudavam a comunidade, recebendo em troca, os estudos grátis, como em todo o país.
No cimo da igreja vão encontrar um galo dourado. Significa que esta é uma das muitas igrejas protestantes que existem espalhadas por Edimburgo.
São Egídio era o padroeiro dos leprosos e venerado por estas pessoas que não acreditavam em Deus.

Á saída da igreja encontramos o Coração de Midlothian, considerado o único sitio de todo o país onde está permitido cuspir!
Nhacccc que nojo não é verdade? Segundo a história, este lugar era a entrada da casa do cobrador das finanças, e sempre que o povo Escocês lá entrava, saiam e cuspiam fora, como uma forma de protesto ao rei Inglês. Nos dias de hoje e, devido a esta rivalidade que ainda existe entre Escócia e Inglaterra, eles dizem que quem cuspir dentro do coração está a manifestar o seu desagrado pelos ingleses.

👉 Mas atenção que se a brincadeira correr mal e cuspirem fora, estão sujeitos a uma multa de 90£.

Continuamos com a nossa rota e passamos por uma estátua de um senhor vestido de grego e cujo pé esquerdo se encontra completamente dourado e desgastado.
Este senhor é David Hume, um filósofo que se opôs particularmente a Descartes e à filosofia que consideravam o espirito humano desde um ponto de vista completamente diferente. Deste modo, Humes abriu caminho à aplicação do método experimental dos fenômenos mentais.

👉 A sua vestimenta de grego é porque antigamente a Escócia era considerada a Grécia do Norte da Europa e o desgaste do seu pezinho deve-se a uma lenda que diz dar sorte aos estudantes que o esfregarem.

Dito isto, cruzamos a rua e damos de caras com o bar de Deacons Brodie’s.

Deacons Brodie's era o chaveiro da cidade e tinha as chaves de todos os habitantes, infelizmente, este senhor tinha um péssimo hábito – bebia demasiado, e como não tinha dinheiro, mas tinha a chave de todos os habitantes da cidade entrava nas suas casas e roubava deliberadamente.
Quando se descobriu foi condenado à forca e nasceu este bar em sua homenagem.

👉 Se repararem com atenção, podem ver uma placa na entrada com duas caras, de um lado tem a imagem de um homem com um molho de chaves na mão, e do outro encontramos a imagem de um ladrão com um capuz na cabeça e uma bolsa de moedas na mesma mão.

Saímos do bar e entramos em Wardrop’s Court, um beco com a imagem de dois dragões na entrada.
Este beco é o acesso a uma das praças mais famosas de Edimburgo, a Praça dos Escritores que se encontra ao lado do museu com o mesmo nome, onde podem ver manuscritos de três dos mais famosos escritores da história Escocesa: Robert Burns, Robert Louis Stevenson e Walter Scott.
Esta praça é como uma espécie de museu vivo, onde encontramos algumas frases de famosos escritas no chão e dedicadas a estes “três mosqueteiros”.

O museu é de entrada gratuita, como quase todos os museus da cidade de Edimburgo.

Se continuarmos a nossa visita pelo lado de dentro deste beco, vamos encontrar uma outra praça e uns edifícios, que hoje em dia são considerados normais, mas que, quando foram construídos eram os mais altos da Europa, dando assim início aos primeiros “arranha-céus”.

Isto deve-se ao facto da cidade ter estado amuralhada durante muitos e a única solução era construir para cima, uma vez que não o podiam fazer para os lados.

Saímos deste beco e voltamos à Royal Mile. Vão com certeza ver que existe uma igreja onde esta estrada se divide em duas, se continuarmos em frente (lado direito da igreja) vamos ter ao castelo, mas se virarem ao lado esquerdo, vão encontrar outra rua, mais à esquerda com uma inclinação acentuada que nos conduz a uma varanda. É nessa mesma direção que vamos!
(A visita ao castelo ficou programada para o dia 2 da nossa rota) ...

Esta igreja, The Hub, foi construída com pedra vulcânica, por isso é que tem uma cor tão negra e atualmente não é utilizada como uma igreja, mas sim como um simples edifício, arrendado por algumas instituições ou empresas. Neste momento, pertence à Vodafone, a empresa de telecomunicações.
(Este é o momento em que vocês olham para os telemóveis para conferir se a rede está realmente ao máximo – E eu comprovo, esta teoria é verdadeira! Kkkkkk)

Vamos então de encontro à tal varanda que eu comentei anteriormente e descemos as escadas! Sabem onde estamos?
(Eu estou em Barcelona a escrever este artigo, no conforto da minha casa, e vocês não faço a mínima ideia, mas espero que estejam espalhados pelos quatro cantos do mundo a ler o meu blogue... kkkkkk nahhhh, estou só a brincar!)
Estamos na Victoria Street, uma rua mundialmente conhecida por ser um dos cenários principais dos filmes de Harry Potter.
Aqui podem encontrar vários restaurantes e aproveito para mencionar um deles, onde servem um menu por apenas 12£ onde inclui uma entrada, e um prato principal – Howies Restaurant.
Se não acharem muito apelativo deixo-vos aqui algumas sugestões de outros restaurantes nesta zona:

Agora, já com a barriguinha cheia, vamos descendo esta rua até encontrarmos uma praça, a chamada Grassmarket.
Esta praça tinha duas utilidades para os moradores de Edimburgo, uma delas era para o comércio, onde se vendiam as ervas que os campesinos cultivavam e secavam que mais tarde eram utilizadas para os animais e para fazerem whisky.
Tal e como referi, esta praça servia para algo mais que comércio. Era aqui onde se julgavam e condenavam publicamente os crimes cometidos por todo aquele que infringisse a lei.

👉 Se olharem para o chão com atenção, vão poder ver uma forca desenhada no chão de paralelos com uma cor distinta.

Do lado direito podemos encontrar um bar/restaurante chamado The Last Drop, onde se servia a última gota antes do enfrentamento com a morte.
Hoje em dia, este local serve os melhores Haggis de toda a cidade e no seu interior podemos ver um quadro emoldurado com a forca utilizada pelos antepassados deste local.

Continuamos a nossa visita guiada pela Cowgatehead, uma estrada que encontramos entre os restaurantes Mussel and Steak e Castle Rock, que por certo tem as suas especialidades e merecem uma visita especial.

A meio desta estrada, ela divide e portanto, viramos à direita onde podemos encontrar a entrada do Cemitério de Greyfriars à mão direita.
Força, vamos entrar.... Sem medos!

Este cemitério que data do século XVIII está cheio de fantasmas do passado que ainda hoje assombram as ruas da cidade e segundo os estudantes de parapsicologia este cemitério é de nível 3, o que quer dizer que algumas pessoas com “poderes especiais” já experimentaram as três fases das atividades paranormais: ver, escutar e sentir.

👉 Na Escócia, este cemitério é conhecido como a Lasanha de Edimburgo, porque tem camadas que são alternadas entre terra e corpos, terra e corpos, terra e corpos! No total estão aqui enterrados cerca de 250 mil corpos.

Por outro lado, é considerado um parque normal, onde as pessoas vão passear os cães, fazer pic-nics e acampar durante os meses de verão!
E vocês atreviam-se a dormir neste local? Hum... A mim ninguém me apanhava ali de noite de certeza...

Este cemitério é conhecido também por outros motivos, um deles é que os túmulos de alguns mortos foram uma fonte de inspiração para Joane Rowling quando teve que escolher alguns dos nomes das personagens da saga, como o de Tom Ridle, o tio de Harry Potter.
O outro motivo é que aqui encontra-se o Túmulo de John Gray, um polícia que faleceu no ano de 1858 e do seu fiel companheiro Bobby.

Bobby foi um pequeno cachorro que, mesmo após a morte do seu dono permaneceu fiel ao seu lado durante 14 anos, até, também este morrer e ser enterrado.
A princípio, os moradores queriam que Bobby fosse enterrado ao lado do dono, no entanto, a lei não permitia que os animais fossem enterrados no mesmo local que os humanos e este foi enterrado num lote de terreno fora do cemitério.
Mais tarde fizeram-lhe uma tumba que hoje em dia se encontra na entrada do cemitério que mais tarde foi alargado!

👉 Bobby faz parte da história da cidade e as pessoas deixam paus aos pés do seu túmulo como homenagem ao pequeno cachorro.

Á saída do cemitério vão encontrar uma estátua dele, e se repararem no nariz deste, vão ver que está desgastado, pois as pessoas passam a mão como se fossem fazer-lhe umas festinhas.

Do outro lado da estrada temos o Museu Nacional da Escócia, onde podem ver algumas exposições sobre os quatro cantos do mundo, a ovelha Dolly, uma exposição de animais recriados à escala real, alguns objetos trazidos do Egito e uma cópia da Pedra Roseta (a original encontra-se em Londres).

👉 É de frisar que este museu conta com exposições espalhadas por 5 andares e que a sua entrada é gratuita.

E terminamos por aqui a nossa rota de hoje.
Ou seja, se tiverem apenas 24 horas para visitar a cidade, acho que estes são os pontos mais importantes.




  • Share:

You Might Also Like

0 Comments